in: PortalLisboa de 15.12.2008
Onde está a bola da Árvore de Natal?
Infelizmente, parece que este Natal vai ser mais triste para muitas pessoas, para muitas famílias, para muitas empresas. Aquilo que se começou a sussurrar há pouco mais de um ano nos Estados Unidos, apresenta-se agora como uma realidade quase universal, ou pelo menos no chamado mundo ocidental. A crise financeira está aí e a consequente crise económica já despontou em muitos sectores. Seja técnica ou não, a recessão ameaça a nossa sociedade com a falta de confiança que costuma ter como consequência o desinvestimento e o desemprego. Por vezes também as tensões sociais e a pobreza que, mesmo escondida, tem vindo a aumentar.
Mas a somar a esta crise veio a constatar-se que afinal muitas coisas não andavam bem. E também não andavam bem em Portugal. Não andavam bem na regulação do Estado. Não andavam bem na falta de regulação do Estado. Não andavam bem em algumas instituições bancárias. Não andavam bem em algumas empresas. Não andavam bem.
Costuma dizer-se que as crises geram oportunidades. Acredito nisso e espero que isso aconteça. Espero que este período difícil possa ser útil à sociedade. Espero que todos aqueles que realmente lutam por um mundo melhor, por um mundo mais justo, por um mundo mais sustentável, façam tudo o que for possível para alterar o que não está bem, para corrigir a trajectória.
Espero que se reflicta nas razões pelas quais há anos se definiram metas de melhor distribuição da riqueza e se constata hoje que não só não se conseguiu como ainda estamos numa situação pior. Espero que se reflicta na razão pela qual há anos se definiram metas de melhor acesso a água potável no mundo e não se conseguiu. Espero que se reflicta na razão pela qual há anos se definiram metas de melhor acesso a cuidados de saúde primários no mundo e tal não se conseguiu.
Mas espero também que se reflicta nas razões pelas quais a população portuguesa continua num ritmo constante de envelhecimento. E espero ainda que se reflicta na razão pela qual há anos Portugal era um país de emigrantes, na sua grande maioria pouco habilitados, e hoje são os nossos jovens recém-formados que procuram trabalhar fora de portas.
Mas a passagem de diagnósticos correctos a boas medidas exige que se crie um clima de confiança e de motivação. E exige também que se discuta com seriedade e com transparência. Suponho que se pode dizer que existe uma profunda crise de valores numa sociedade marcada profundamente pelo materialismo e pelo consumismo. Acho mesmo que se exige uma nova cultura de rigor e de verdade na nossa sociedade. A todos os níveis, a começar pelos mais responsáveis.
É por isso que este período de Natal tem para mim um significado especial. O Natal significa também nascimento, alegria e futuro. Não só acredito numa mudança que permita a rápida saída da crise, mas espero sinceramente que essa mudança seja estrutural e não meramente conjuntural.
Para a maior parte das pessoas residentes em Lisboa, o período de Natal está há muitos anos associado a certos símbolos alusivos à época, tais como o Pai Natal ou a Árvore de Natal. As chamadas iluminações de Natal que dão alegria às ruas da cidade e animam as pessoas, sempre tiveram a preocupação de incluir muitos desses símbolos que nos ajudam a ter presente a origem e o significado desta época natalícia.
Dei comigo no outro dia à procura desses símbolos nas iluminações que surgiram na cidade. Encontrei algumas luzes, menos talvez do que era costume. Mas em tempo de contenção, tal não me choca. Encontrei fios pendurados em árvores, encontrei fachadas de prédios iluminadas, até encontrei uma árvore com luzes.
Mas não pude deixar de encontrar umas “coisas” de enorme mau gosto, enormes bolas assentes nuns paralelipípedos, coisas aberrantes, em tal número e em tais cores que agridem verdadeiramente a paisagem.
O Natal assim em Lisboa já não é o que era. Bolas, encontrei muitas. Mas não consegui encontrar uma só bola da Árvore de Natal. Ora bolas!
Pior, a sua mensagem não tem nada a ver com o Natal, tem tão só a ver com uma mera campanha publicitária que se pretende confundir com a mensagem de Natal. Esta confusão, ainda que superficial, só vem reforçar a minha esperança numa efectiva mudança. Já para 2009.
Lisboa, 11 de Dezembro de 2008
António Carmona Rodrigues
Infelizmente, parece que este Natal vai ser mais triste para muitas pessoas, para muitas famílias, para muitas empresas. Aquilo que se começou a sussurrar há pouco mais de um ano nos Estados Unidos, apresenta-se agora como uma realidade quase universal, ou pelo menos no chamado mundo ocidental. A crise financeira está aí e a consequente crise económica já despontou em muitos sectores. Seja técnica ou não, a recessão ameaça a nossa sociedade com a falta de confiança que costuma ter como consequência o desinvestimento e o desemprego. Por vezes também as tensões sociais e a pobreza que, mesmo escondida, tem vindo a aumentar.
Mas a somar a esta crise veio a constatar-se que afinal muitas coisas não andavam bem. E também não andavam bem em Portugal. Não andavam bem na regulação do Estado. Não andavam bem na falta de regulação do Estado. Não andavam bem em algumas instituições bancárias. Não andavam bem em algumas empresas. Não andavam bem.
Costuma dizer-se que as crises geram oportunidades. Acredito nisso e espero que isso aconteça. Espero que este período difícil possa ser útil à sociedade. Espero que todos aqueles que realmente lutam por um mundo melhor, por um mundo mais justo, por um mundo mais sustentável, façam tudo o que for possível para alterar o que não está bem, para corrigir a trajectória.
Espero que se reflicta nas razões pelas quais há anos se definiram metas de melhor distribuição da riqueza e se constata hoje que não só não se conseguiu como ainda estamos numa situação pior. Espero que se reflicta na razão pela qual há anos se definiram metas de melhor acesso a água potável no mundo e não se conseguiu. Espero que se reflicta na razão pela qual há anos se definiram metas de melhor acesso a cuidados de saúde primários no mundo e tal não se conseguiu.
Mas espero também que se reflicta nas razões pelas quais a população portuguesa continua num ritmo constante de envelhecimento. E espero ainda que se reflicta na razão pela qual há anos Portugal era um país de emigrantes, na sua grande maioria pouco habilitados, e hoje são os nossos jovens recém-formados que procuram trabalhar fora de portas.
Mas a passagem de diagnósticos correctos a boas medidas exige que se crie um clima de confiança e de motivação. E exige também que se discuta com seriedade e com transparência. Suponho que se pode dizer que existe uma profunda crise de valores numa sociedade marcada profundamente pelo materialismo e pelo consumismo. Acho mesmo que se exige uma nova cultura de rigor e de verdade na nossa sociedade. A todos os níveis, a começar pelos mais responsáveis.
É por isso que este período de Natal tem para mim um significado especial. O Natal significa também nascimento, alegria e futuro. Não só acredito numa mudança que permita a rápida saída da crise, mas espero sinceramente que essa mudança seja estrutural e não meramente conjuntural.
Para a maior parte das pessoas residentes em Lisboa, o período de Natal está há muitos anos associado a certos símbolos alusivos à época, tais como o Pai Natal ou a Árvore de Natal. As chamadas iluminações de Natal que dão alegria às ruas da cidade e animam as pessoas, sempre tiveram a preocupação de incluir muitos desses símbolos que nos ajudam a ter presente a origem e o significado desta época natalícia.
Dei comigo no outro dia à procura desses símbolos nas iluminações que surgiram na cidade. Encontrei algumas luzes, menos talvez do que era costume. Mas em tempo de contenção, tal não me choca. Encontrei fios pendurados em árvores, encontrei fachadas de prédios iluminadas, até encontrei uma árvore com luzes.
Mas não pude deixar de encontrar umas “coisas” de enorme mau gosto, enormes bolas assentes nuns paralelipípedos, coisas aberrantes, em tal número e em tais cores que agridem verdadeiramente a paisagem.
O Natal assim em Lisboa já não é o que era. Bolas, encontrei muitas. Mas não consegui encontrar uma só bola da Árvore de Natal. Ora bolas!
Pior, a sua mensagem não tem nada a ver com o Natal, tem tão só a ver com uma mera campanha publicitária que se pretende confundir com a mensagem de Natal. Esta confusão, ainda que superficial, só vem reforçar a minha esperança numa efectiva mudança. Já para 2009.
Lisboa, 11 de Dezembro de 2008
António Carmona Rodrigues
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