segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O futuro do Movimento Lisboa com Carmona

(Excerto do capítulo 9 do livro “Movimento Lisboa com Carmona. Uma experiência de Participação Democrática”, lançado a 22 de Setembro)
"Futuro
A participação de listas de independentes em eleições tem sido vista, tanto em Portugal como no estrangeiro, como uma anomalia do sistema democrático e partidário. Tal deve-se, na óptica do Movimento Lisboa com Carmona, a um insuficiente grau de maturidade do próprio sistema político, que parece não estar ainda preparado para aceitar este fenómeno de forma natural e mesmo positiva para a própria democracia.
Muitas vezes, os independentes são convidados a participar em listas de partidos para dar uma imagem de pluralidade e abertura à chamada sociedade civil, mas a experiência deixa também frequentemente a sensação de que se tratam mais de operações de marketing político do que de uma genuína vontade de alargamento partidário a personalidades com sensibilidades diferentes.
Por outro lado, existe uma percepção enraizada em grande parte da população que os partidos ocupam o panorama político em regime de exclusividade, vendo nos movimentos independentes como que uma intrusão de “corpos” estranhos sob a forma de agrupamentos políticos não partidários.
Apesar disso, no futuro próximo, e enquanto perdurar um certo sentimento de desencanto geral com a actuação de alguns partidos, creio que haverá lugar a uma natural aceitação por parte do eleitorado à participação de movimentos de independentes em actos eleitorais. Na realidade, e em particular nas eleições autárquicas, a figura pessoal do candidato tem mostrado ser tão ou mais importante do que o quadrante político em que se insere.

No que diz respeito ao Movimento Lisboa com Carmona, foi tomada a decisão de não repetir a candidatura às eleições autárquicas de 2009, pelas razões que atempadamente foram expostas, apesar de inúmeras expressões de apoio provenientes dos mais diversos sectores. No entanto, foi também entendido que o espírito e a imagem criados à volta da actividade dos membros do Movimento ao longo destes anos não permitiriam que o mesmo terminasse com a sua ligação à cidade.
Deste modo, foi decidido que o Movimento Lisboa com Carmona continue a sua actividade de participação cívica e democrática, através de uma associação a constituir para o efeito. Esta associação dará prioridade a todas as iniciativas de intervenção, discussão e participação que digam respeito a temas do interesse dos lisboetas.

Lisboa é uma cidade que tem ainda muitos desafios pela frente. Tem problemas que vêm do passado e tem de se preparar para o futuro. Do passado, subsistem alguns problemas de reabilitação urbana, de mobilidade e transportes, de inclusão social e de alguma insegurança. Lisboa tem de trilhar o percurso da sustentabilidade e da competitividade, procurando a melhor forma de organização do universo dos seus serviços. Mas Lisboa não pode conseguir tudo isso sem uma alteração do quadro actual de governabilidade.
O Movimento Lisboa com Carmona tem-se batido, como nenhum outro, pelo estatuto de capitalidade que Lisboa tem de ter. Não tem só a ver com os custos que essa capitalidade tem implicado para a cidade, no passado e no presente. Tem essencialmente a ver com as condições de afirmação e de desenvolvimento que uma cidade como Lisboa, capital de Portugal, centro da maior área metropolitana do País, sede dos poderes legislativo, executivo e judicial, deve ter.
Para isso, será da maior importância que se comece por entender que a Área Metropolitana de Lisboa deverá ter um estatuto diferente do actual. O órgão que representa a área metropolitana deverá ser legitimado pelo voto directo das populações e ser dotado de meios humanos e financeiros para poder desenvolver a sua actividade. Este órgão deverá ter competências próprias, que serão naturalmente transferidas do poder central ou do poder local. Questões como o ambiente, os transportes ou os principais equipamentos de saúde ou de ensino podem e devem ser mais bem planeadas e desenvolvidas a nível metropolitano do que a nível de cada um dos municípios.
Por outro lado, esta reforma administrativa deverá ser acompanhada por uma revisão do quadro actual das freguesias e das suas competências. O Movimento Lisboa com Carmona sempre defendeu uma maior capacidade de intervenção das freguesias junto das populações que servem, sendo que para isso será necessário ponderar a melhor forma de gestão administrativa adequada à concretização desse objectivo.
Mas para a governabilidade da cidade é cada vez mais urgente alterar a Lei Autárquica que, do ponto de vista do Movimento, está completamente desajustada da realidade. De facto, a lei, tal como está, contribui ela própria para uma governabilidade mais difícil, para uma menor capacidade da cidade resolver os seus problemas. A grande maioria dos países democráticos adoptou há muito um modelo diferente, tendo havido num passado recente em Portugal algumas iniciativas para se alterar a lei autárquica, mas sem sucesso.
A legitimidade de quem ganha as eleições deve permitir ao candidato vencedor, no entendimento do Movimento, escolher a sua equipa governativa dentro de um executivo monocolor, à semelhança aliás do que se passa para a formação do Governo da República. Por outro lado, a Assembleia Municipal, como principal órgão fiscalizador da actividade do executivo, deverá ter também uma actividade mais responsabilizada e prestigiada junto da população.

Em síntese, a sociedade tem de se saber adaptar às novas dinâmicas, à celeridade com que ocorrem novas situações e novos desafios, que temos de saber por vezes antecipar e dar-lhes resposta atempada. Para isso, e sempre que se justifique, há que questionar sem complexos os modelos existentes, discutir os caminhos possíveis e decidir o rumo a tomar. Bons exemplos nos têm sido dados por outros países bem próximos do nosso em matéria de governância. Não nos podemos conformar com situações que bloqueiam o nosso desenvolvimento e não sermos capazes de promover as mudanças necessárias.
Para isso, tem de haver uma participação e um envolvimento alargado das populações. O papel dos partidos políticos é insubstituível, mas a dinâmica induzida por grupos de independentes só poderá acrescentar qualidade e valor à nossa vida democrática."

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Carmona Rodrigues participa no X Fórum de Biarritz, em Quito, Equador

Pelo segundo ano consecutivo, Carmona Rodrigues participa do Fórum de Biarritz.
A edição deste ano, a 10ª, terá lugar Quito, no Equador nos próximos dias 30 de Setembro, 1 e 2 de Outubro, no Centro de Convenciones Eugenio Espejo
Os temas centrais das sessões serão "La crisis internacional y sus efectos sociales en America Latina y en Europa" e "La renovación de centros históricos en la perspectiva de desarrollo urbano".

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

“Movimento Lisboa com Carmona. Uma experiência de Participação Democrática” lançado no próximo dia 22 de Setembro

O Movimento Lisboa com Carmona foi criado com o objectivo de concorrer às eleições autárquicas intercalares para a Câmara de Lisboa, assumindo perante os lisboetas o compromisso, com grande sentido do dever de serviço público, de cumprir um mandato de quatro anos para o que havia sido eleito em Outubro de 2005.
A história da queda do mandato autárquico ainda será feita um dia. Mas todos sabemos o incrível ambiente de falsidades por que passámos e por que passou a Câmara de Lisboa. Felizmente, há muitos portugueses que não se deixam enganar nem levar por gritarias nem encenações e que sabem distinguir bem a verdade da mentira.
O Movimento Lisboa com Carmona nasceu de uma forma independente, sem qualquer apoio ou envolvimento partidário, integrando pessoas com perfis muito variados. Baseado num grupo de autarcas com experiência anterior na Câmara de Lisboa, o movimento viria a reunir um alargado número de pessoas que aderiu a um projecto político para a cidade de Lisboa desligado de qualquer vínculo partidário.
O Movimento foi pois um verdadeiro movimento de natureza cívica, que aproximou pessoas com diferentes sensibilidades e experiências à volta de um projecto de governação de Lisboa, cansadas que estavam das sucessivas guerrilhas partidárias dentro da Câmara de Lisboa, que muitas vezes secundarizaram os primeiros interesses e prioridades dos lisboetas e da sua cidade, com elevados custos para o colectivo e de difícil compreensão e aceitação.
Porque entende que esta experiência deve ser registada, e porque também entende que os titulares de cargos de responsabilidade deveriam sempre deixar o testemunho do que fizeram no exercício das suas funções, entendeu publicar um livro, intitulado “Movimento Lisboa com Carmona. Uma experiência de Participação Democrática”.
O livro será apresentado no próximo dia 22 de Setembro às 18h30, na Livraria Almedina no Centro Comercial Atrium Saldanha.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Carmona Rodrigues modera Sessão do 6º Encontro Transportes em Revista

A convite da revista Transportes em Revista, Carmona Rodrigues participa no "6º Encontro Transportes em Revista", subordinado ao tema Cidades Competitivas - Papel da Mobilidade, que se realizará nos próximos dias 17 e 18 de Setembro em Castelo Branco.
Carmona Rodrigues moderará a Sessão F dedicada aos Desafios dos Transportes e da Mobilidade, a qual terá como oradores Fernando Nunes da Silva no tema Políticas de Mobilidade na Cidade, Victor Ramalho no tema Estratégias Públicas para a Mobilidade e Miguel Anacoreta Correia no tema Os Desafios dos Transportes e da Mobilidade.

Lisboa com Carmona propõe medalha da Cidade à artista plástica Ana Maria Botelho

(Proposta n.º 996/2009 - agendada para Reunião de Câmara de 16 de Setembro)
Lisboa com Carmona propõe à Câmara Municipal de Lisboa a atribuição da Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, à artista plástica lisboeta Ana Maria de Castello-Branco Gago da Câmara do Botelho de Medeiros, incontornável figura da pintura portuguesa.
Ana Maria de Castello-Branco Gago da Câmara do Botelho de Medeiros nasceu em 1936, em Lisboa. Iniciou os seus estudos de pintura com os Mestres João Reis e Eduardo Malta. Cursou “Formation general en Philosophie des Arts et Sciences” no Instituto de Mortefontaine, em Paris e, na mesma cidade, licenciou-se em Artes Plásticas na Escola Superior do Louvre. Depois de participar em diversas exposições colectivas em Paris e Roma, fez a sua primeira exposição individual em Lisboa no S.N.I., em 1963, e, no ano seguinte, recebeu o Prémio Revelação de Pintura Portuguesa concedido pela imprensa. De lá até hoje, foram inúmeros os locais onde expôs em Portugal e no estrangeiro. Está representada em diversas colecções particulares e museológicas, em Portugal e no Mundo. A Fundação Calouste Gulbenkian é exemplo entre outras entidades da atenção demonstrada por instituições de prestígio a esta Artista, possuindo no seu acervo três quadros de três fases distintas da sua obra. Além de artista plástica, é autora de dois livros de Poesia - «Varanda sem casa» e «Céu de linho», de 1968 e 1971 respectivamente. Pelo seu mérito cultural, a cidade de Loures deu o seu nome à rua onde vive e tem o seu atelier.A vida de Ana Maria Botelho dividiu-se entre Lisboa, Roma e Paris, e é nesta cidade que tomou contacto com a vida literária e artística, sendo aí que conheceu Camus e frequentou o estúdio de Jean de Beauvoir. Num percurso recheado de amizade com intelectuais e artistas de diversas filosofias e ideais, desvendar as memórias de Ana Maria Botelho leva-nos à Roma da década de cinquenta, das manhãs no Vaticano até à emoção da Artista perante o seu primeiro encontro privado com João XXIII; às tertúlias parisienses, com Jean Marais e Jean Cocteau, em casa de Louise de Villemorin; o encontro emocionante com Peggy Gungenheim quando esta lhe adquire um quadro em casa de amigos comuns; os quase dois anos ajudando presidiárias na sua integração, nos arredores de Paris, na «Obra de Santa Maria Madalena» do Padre Jean Courtois; o conhecimento com Picasso e sua mulher, Françoise Giraud e os seus almoços em Notre Dame de la Vie; escutamos os conselhos sábios de seu avô Marquês de Belas; os almoços de pastéis de bacalhau e arroz de tomate com Maria Helena Vieira da Silva e Arpaad, na sua casa da Lagariça; a vivência no Palácio da Rua da Junqueira, conhecendo personalidades que vão desde Chefes de Estado a Príncipes da Igreja, passando por Nureyev e Margot Fonteyn; as temporadas nos Açores na casa de família, no Paço de Nossa Senhora da Vida, fundação criada pelo seu Pai, o Visconde do Botelho; o convívio e as tertúlias com Francisco de Sousa Tavares, Urbano Tavares Rodrigues, Bual, Natércia Freire, Adriano Moreira e tantos outros; as noitadas de fado em Pintéus, com João Ferreira-Rosa e Amália; as temporadas em Alcochete, com fados e touros; a criação, na década de noventa, de uma casa de arte onde lançou imensos artistas. Sem dúvida, um percurso riquíssimo de uma Mulher do Mundo que, depois de um interregno de diversos anos, nos mostrou na sua ultima exposição individual, à qual chamou «Um olhar com muita gente dentro» os seus mais recentes quadros. Essa exposição ocorreu em Março passado no Museu da Água no reservatório da Patriarcal, em vésperas da realização da sua retrospectiva de pintura a convite da Câmara Municipal de Lisboa e do lançamento do seu livro «Ana Maria Botelho – vida e obra».

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Voto de Pesar pelo falecimento do cavaleiro tauromático José João Zoio

(Voto de Pesar n.º 15/2009 - aprovado por marioria em 2 de Setembro (13 votos a favor (6PS, 3 LCC, 2 PPD/PSD, 1 CPL, 1 Indep.) e 2 abstenções (2PC))
Por iniciativa do Movimento Lisboa com Carmona a Câmara de Lisboa aprovou ontem um voto de pesar pelo falecimento do cavaleiro tauromático José João de Queirós Morais de Zoio, no passado dia 1 de Setembro.
A esta iniciativa do Movimento juntou-se a Vereadora do PS, Ana Sara Brito.
Jóse João Zoio nasceu em Almada, a 1 de Outubro de 1950 e com poucos meses de vida, os seus pais mudaram-se para Lisboa e por cá ficaram.
Entre 1956 e 1961 frequentou o Colégio S. João de Brito, e tomou a alternativa de cavaleiro a 27 de Maio de 1973, no Campo Pequeno, das mãos do Mestre João Branco Núncio.
Retirou-se das praças em 1983 devido a um acidente grave durante uma corrida, passando a dedicar-se às empresas da família.
Juntamente com José Mestre Baptista, formou uma dupla que arrastava multidões às praças de touros por onde passavam, tendo contribuído de forma assinalável para a divulgação da festa dos touros como manifestação da cultura portuguesa.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Lisboa com Carmona avança com nova Moção sobre o Metropolitano de Lisboa

Na sequência da publicação do Decreto-Lei nº 148-A/2009, de 26 de Junho, que aprovou o novo regime jurídico aplicável ao Metropolitano de Lisboa e os respectivos estatutos, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade, sob proposta deste Movimento “Lisboa com Carmona”, uma Moção manifestando o seu repúdio pelo facto de não ter havido prévia audição do Município acerca desta matéria, e expressando a sua discordância pelo afastamento da Câmara Municipal de Lisboa do Conselho de Administração daquela empresa pública.
Tratou-se de uma Moção dirigida ao Governo, enquanto responsável pelas alterações verificadas, que representam, no nosso entender, o culminar de uma estratégia de marginalização deste Município.
Foi, pois, com verdadeira estranheza que fomos confrontados com as recentes declarações do Senhor Presidente do Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa, que veio publicamente comentar e criticar a posição assumida pela Câmara Municipal de Lisboa.
Estranheza, em primeiro lugar, porque sendo o Governo o destinatário da Moção aprovada, a resposta não veio deste órgão de soberania, mas de alguém que se desconhecia estar mandatado para assumir o infeliz papel de defensor das opções políticas do Governo e de interlocutor designado por este para as relações com o Município de Lisboa.
Estranheza, também, porque sabemos hoje que o senhor Presidente do Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa faltou à verdade quando afirmou que as alterações operadas nos estatutos da empresa foram previamente apreciadas no Conselho de Gerência. Efectivamente, de acordo com informações prestadas pelo representante da Câmara Municipal de Lisboa naquele órgão, e como aliás se pode comprovar pelas respectivas actas, este assunto foi directamente assumido pelo Governo, que deliberadamente não contou com a participação do Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa.
Estranheza, finalmente, ao vermos na presidência de uma empresa pública que opera sobretudo em espaço do Município de Lisboa, alguém que deliberadamente se coloca contra a Cidade e os seus legítimos representantes, seja pelo seu silêncio quanto ao ressarcimento da Câmara Municipal de Lisboa pela nacionalização do Metropolitano de Lisboa, seja pela falta de colaboração na concretização de estratégias de mobilidade na Cidade, bem patente, por exemplo, no facto nunca ter sido colocado em funcionamento um parque de estacionamento da empresa junto à estação do Lumiar, que se encontra concluído há vários anos, seja ainda por se prestar, num período já de pré-campanha eleitoral, a participar com um membro do Governo na sessão de anúncio de um pacote de investimentos da empresa que não contempla a Cidade de Lisboa, esquecendo a já prometida e tão necessária extensão da rede de metro a Alcântara.
Nestes termos, o Movimento "Lisboa com Carmona" propõe hoje ao Executivo Municipal a aprovação de uma Moção que vise exigir publicamente ao Governo, pelas razões acima apontadas, a imediata demissão do Senhor Presidente do Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa, E.P.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Lisboa com Carmona contra alterações aos Estatutos do Metropolitano de Lisboa

(Moção nº 5/2009, aprovada por unanimidade)
Na reunião pública de hoje e através de uma iniciativa dos Vereadores do Movimento Lisboa com Carmona, a Câmara Municipal deliberou por unanimidade expressar ao Governo o seu vivo repúdio pelo facto de ter promovido a alteração dos estatutos do Metropolitano de Lisboa, E.P.E., sem previamente ter ouvido a Câmara Municipal de Lisboa.
Deste manifesto, faz ainda parte a sua discordância pelo afastamento da Câmara Municipal de Lisboa do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, culminando uma inaceitável estratégia de marginalização deste Município que abarca no seu subsolo mais de 90% da rede do Metropolitano de Lisboa.
Do historial da empresa pública, salienta-se que em 26 de Janeiro de 1948, foi constituída a sociedade Metropolitano de Lisboa, S.A.R.L., com o objectivo de proceder ao estudo técnico e económico, em regime de exclusividade, de um sistema de transportes colectivos sustentado no aproveitamento do subsolo da cidade de Lisboa.
Em 1 de Julho de 1949, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu-lhe a respectiva concessão para a instalação e exploração do serviço público em causa.
Sempre sob o impulso e iniciativa do Município de Lisboa, que detinha 98,5% do capital da sociedade, a rede do Metropolitano de Lisboa entrou em funcionamento em 1959 e constituiu um enorme êxito, tendo ao longo dos anos seguintes sido objecto de sucessivos melhoramentos e ampliações.
Em 1975, através do Decreto-Lei nº 280-A/75, de 5 de Junho, a sociedade Metropolitano de Lisboa, S.A.R.L. foi nacionalizada, e, por conseguinte, a totalidade dos bens, direitos e obrigações que integravam o seu património, bem como os que se encontravam afectos à sua exploração, foram transferidos para o Estado. De assinalar que, de acordo com o artigo 2º do referido diploma, o Estado deveria pagar às entidades titulares de acções do capital do Metropolitano de Lisboa, S.A.R.L, contra a entrega dos respectivos títulos, uma indemnização a definir, quanto ao montante, prazo e forma de pagamento, em diploma a publicar no prazo de 180 dias a contar do início da eficácia da nacionalização. Hoje, 34 anos passados sobre essa nacionalização, continua a Câmara Municipal de Lisboa a aguardar a publicação do prometido diploma, e, portanto, sem nada receber!
Entretanto, em 1978, o Decreto-Lei nº 493/78, de 30 de Dezembro, transformou a sociedade Metropolitano de Lisboa, S.A.R.L. em empresa pública, denominada Metropolitano de Lisboa, E.P., e aprovou os respectivos estatutos. De acordo com os nºs. 1 e 2 do artigo 8º desse diploma, a instalação e exploração de novas linhas, o encerramento ou a abertura de novas estações, bem como importantes alterações de serviço, seriam objecto de prévio parecer do Município de Lisboa, dependendo ainda de prévia autorização deste a realização de obras que tivessem de realizar-se nas vias públicas. Nos termos dos estatutos aí aprovados, o Município de Lisboa teria um representante no Conselho Geral do Metropolitano de Lisboa, e designaria ainda, através do seu Presidente, um vogal do Conselho de Gerência.
Recentemente, através do Decreto-Lei nº 148-A/2009, de 26 de Junho, foi aprovado o novo regime jurídico aplicável ao Metropolitano de Lisboa, E.P.E., bem como os respectivos novos estatutos. Este diploma e os novos estatutos que o acompanham, omitindo qualquer referência ao facto de a actividade da empresa assentar numa concessão do Município de Lisboa, estabelecem, no que ao Município diz respeito, designadamente, o seguinte:
- o Município passa a apenas a ter o direito a ser informado sobre o desenvolvimento das linhas de metropolitano, execução de obras e ocupação temporária do espaço público, à requalificação do espaço urbano e da rede de viária (art.11º, do DL 148-A/2009), continuando contudo a carecer de prévia autorização do Município as obras que se realizem na via pública (art. 12º, nº 2);
- a instalação e exploração de novas linhas de metropolitano e o encerramento ou abertura de novas estações só serão objecto de parecer do Município se for considerado necessário ou conveniente (art. 12º, nº 1);
- todas as operações urbanísticas, em cuja definição se incluem, por exemplo, as simples obras de conservação, carecem de parecer prévio do Metropolitano de Lisboa, sempre que localizadas a menos de 25 metros, em projecção horizontal e vertical do plano exterior das infra-estruturas do metropolitano de Lisboa (art. 12º, nº 3);
- o Conselho de Administração da empresa deixa de integrar qualquer representante do Município de Lisboa (art. 4º, nº 1 dos estatutos);
- o Município de Lisboa apenas designará um representante, a exemplo dos restantes municípios onde se situe a rede de transporte público do Metropolitano de Lisboa, para o Conselho Consultivo da empresa, o qual, reunindo ordinariamente apenas duas vezes por ano, tem como competência emitir pareceres e recomendações (art. 16º dos estatutos).
Registe-se, finalmente, que a publicação do Decreto-Lei nº 148-A/2009, de 26 de Junho, não foi precedida de qualquer consulta à Câmara Municipal de Lisboa, o que constitui mais uma prova do absoluto desprezo com o que o Governo trata os Municípios em matérias em que, aliás, estes legalmente devem participar.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Voto de Pesar pelo falecimento de José Calvário

(Voto de Pesar n.º 8/2009, subscrito pela Câmara Municipal, aprovado por unanimidade)
Faleceu no passado dia 17 de Junho de 2009, em Oeiras, o Maestro José Calvário.
Natural do Porto, onde nasceu em 1951, deu o seu primeiro recital com apenas 6 anos de idade no Conservatório de Música do Porto e aos 10 anos dirigiu o seu primeiro concerto à frente de uma orquestra filarmónica. Mais tarde foi estudar para a Suíça, onde formou uma banda de jazz.
Quando em 1971 regressa a Portugal, muda-se para Lisboa e participa no Festival da Canção com uma música de sua autoria, “Flor Sem Tempo”, interpretada por Paulo de Carvalho, com o qual obteve o 2º lugar na classificação.
No ano seguinte, participa novamente neste festival e obtém o 1º lugar com o tema “Festa da Vida”, interpretada por Carlos Mendes.
No Eurofestival da Canção, desse ano, alcança a melhor classificação portuguesa de sempre em festivais da canção, com o 7º lugar entre 18 países participantes.
Em 1974, em parceria com José Niza, compõe o tema “E Depois do Adeus”, interpretado por Paulo de Carvalho, que se tornou famosa quando foi usada como senha pelos militares no 25 de Abril.
Na década de 80, muda-se para Londres onde continuou a desenvolver o seu trabalho com compositor e orquestrador.
Em 1991, compôs o seu primeiro concerto para orquestra. Chegou a gravar obras de Andrew Lloyd Webber com a The London Philharmonic Orchestra.
Ao longo das últimas décadas, o Maestro José Calvário foi uma figura incontornável da música ligeira e do panorama cultural português.

Voto de Pesar pelo falecimento do Engº Rui Sanches

(Voto de Pesar n.º 10/2009 - aprovado por maioria com 6 abstenções do PS)
Por iniciativa do Movimento Lisboa com Carmona a Câmara de Lisboa deliberou po maioria aprovar um voto de pesar pelo falecimento do Engº Rui Sanches, falecido em Lisboa no passado dia 16 de Junho.
Rui Alves da Silva Sanches nasceu a 20 de Abril de 1919, em Pombeiro da Beira, Arganil, licenciou-se em Engenharia Civil em 1941 pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Ingressou em 1943 no Ministério das Obras Públicas e até 1959 exerceu as mais variadas funções.
Em 1959 foi nomeado Chefe da Repartição de Estudos e Projectos da Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos, e em 1961 assumiu o cargo de Director dos Serviços de Aproveitamento Hidráulicos.
Foi Vogal Engenheiro da Comissão de Fiscalização das Águas de Lisboa e membro da Comissão Luso-Espanhola dos rios internacionais.
Engenheiro Inspector Superior de Obras Públicas desde 1967 foi nomeado, em Abril do mesmo ano, Subsecretário de Estado das Obras Públicas, cargo que exerceu até 1968.
Nomeado Ministro da Obras Públicas em 1968, desempenhou simultaneamente o cargo de Ministro das Comunicações a partir de 1970 e até 1974.
De 1974 a 1980 foi consultor para projectos de Obras Hidráulicas em Espanha e no Brasil.De 1980 a 1989 desempenhou as funções de Inspector Geral de Obras Públicas do Conselho Superior de Obras Públicas Transportes e Comunicações (CSOPT).
Entre 1983 e 1989 foi Presidente da Comissão de Regulamentos de Barragens e Presidente da Secção de Hidráulica do CSOPT.
Foi, desde Fevereiro de 1995, consultor da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva, S. A..
As excelentes qualidades morais, profissionais e a dedicação à causa pública, pautaram a vida do Eng. Rui Sanches.